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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Homilia Diária: Peçamos a Jesus que nos cure da lepra do pecado


A Bíblia – especialmente no Antigo Testamento – fala, muitas vezes, sobre o problema da lepra. Quando se fala de pessoas leprosas, a palavra significa uma doença da pele que pode abranger tipos diferentes de doenças. Em outros casos, a mesma palavra fala de manchas em roupas ou paredes, algo que nós poderíamos chamar hoje de fungo ou mofo.
Na lei que Deus deu aos israelitas, uma pessoa leprosa era considerada imunda (Lv 13,2-3). A doença era vista como uma praga: “Às vezes, a praga foi enviada por Deus para repreender o povo desobediente” (Lv 14,34).
As instruções sobre a lepra, obviamente, serviam para conter uma doença maligna, mesmo séculos antes de cientistas compreenderem como as doenças se espalhavam.
Mas há um segundo – e mais importante – motivo para falar tanto sobre a lepra no Antigo Testamento. Há, pelo menos, duas lições espirituais das ordens sobre a lepra:
1. A importância da obediência. Entre as últimas orientações dadas por Moisés ao povo de Israel são estas palavras: “Guarda-te da praga da lepra e tem diligente cuidado de fazer segundo tudo o que te ensinarem os sacerdotes levitas; como lhes tenho ordenado, terás cuidado de o fazer” (Deuteronômio 24,8).
2. A necessidade de distinguir entre o limpo e o imundo. A chave ao entendimento deste significado da lepra aparece em Levítico 14,54-57: “Esta é a lei de toda sorte de praga da lepra, da lepra das vestes, das casas, da inchação, da pústula e das manchas lustrosas para ensinar quando qualquer coisa é limpa ou imunda. Esta é a lei da lepra.”
Deus usou coisas físicas – sejam doenças, questões de higiene ou diferenças entre animais – para ensinar princípios espirituais.
Quando foi descoberta a imundície da lepra, não mediam esforços para se livrarem dela. Pessoas leprosas foram publicamente identificadas e afastadas da congregação para não contaminar outros. Quando as tentativas de purificar as casas não foram bem sucedidas, foi necessário derrubar casas inteiras para não deixar a praga se espalhar (Levítico 14,43-45).
O leproso que se aproxima de Jesus pede por sua purificação e não por sua cura. Marcos destaca o sentimento humano de compaixão que Jesus sente pelo leproso em sua exclusão. Jesus transgride a Lei, toca o leproso e o liberta de sua lepra e de sua impureza. Envia o homem, já purificado, ao sacerdote como testemunho contra o poder religioso que reivindicava para si o direito de purificar. Fica caracterizada a ação de Jesus: libertadora e infratora da Lei.
Esta narrativa revela o empenho de Jesus não na simples cura, mas na inclusão social dos marginalizados. O leproso representa os excluídos e marginalizados por um sistema elitista e opressor, no qual o explorador humilha o explorado para inibi-lo e submetê-lo à sua exploração.
As mesmas leis sobre a lepra não se aplicam hoje, mas os princípios que aprendemos delas têm muita importância para nós.
Devemos ser obedientes a todas as instruções que o Senhor nos deu. E quando a imundície do pecado invade a nossa vida, devemos agir com urgência para eliminá-lo, mesmo se forem necessárias medidas radicais: “E se o teu olho direito te serve de escândalo, arranca-o e lança-o fora de ti; porque melhor te é que se perca um de teus membros, do que todo o teu corpo ser lançado no inferno. E se a tua mão direita te serve de escândalo, corta-a e lança-a fora de ti; porque melhor te é que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno.” (Mt 5,29-30).
Sejamos santos para a glória do nosso Senhor, que é perfeito e santo (1 Pd 1,14-16; 2 Cor 6,17-18).
Padre Bantu Mendonça


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