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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Convite: venha conhecer Jesus. Importante: traga seu cérebro!


Uma reflexão sobre Fé e Razão
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A "Cabeça de S. João Batista". Relíquia guardada em uma igreja em Amiens
Faz uns dias, o blog Apostolado Tradição em Foco com Roma (curto muito!) publicou em sua fanpage a foto de um crânio humano, identificado na legenda como acabeça de São João Batista. Nos comentários, um rapaz perguntou sobre as provas da sua autenticidade. Não havia qualquer acento de deboche ou cinismo em seu questionamento, mas o bonde dos carolinhas não perdoou: desceu o malho no “São Tomé”.
– Como ele pode ser católico e pedir provas para acreditar em uma relica de santo? Que abeçurdoooo!!! Fé de verdade dispensa provas!
Os carolinhas ignoram que há em nossa fé elementos centrais – como a crença nos dogmas e a obediência ao Papa – e outros periféricos – como a crença em revelações pessoais e relíquias. Apesar de muito importantes, estas últimas devoções não são obrigatórias.
Pensem no caso Santo Sudário, uma relíquia esplêndida, amplamente apoiada em evidências históricas e científicas que afastam a possibilidade de fraude. Nem ele conta com o reconhecimento oficial da Igreja! O Beato João Paulo II e Bento XVI já o veneraram publicamente, mas o fizeram como devoção pessoal, jamais obrigando toda a Igreja a afirmar a autenticidade do tecido.
Voltando à tal foto da relíquia de São João: surgiram comentários fazendo contraponto aos carolinhas escandalizados. Um rapaz observou que pedir provas não é censurável, já que, para canonizar uma pessoa, a Igreja exige a comprovação de dois milagres, considerando até o parecer de cientistas. Outro notou que há pelo menos três igrejas na Europa alegando a posse da mesma cabeça. E um cônego afirmou que um questionamento sério que nasce da busca sincera de Deus é melhor do que uma fé cega.
cerebro
O crédulo manda o cérebro passear quando o assunto é religião.
Esse episódio é só uma amostra de comomuitos católicos ainda estão longe de entender a relação vital entre Fé e Razão. Acaso, ao chegar na porta de alguma igreja, você já viu uma plaquinha pedindo: “DEIXE SEU CÉREBRO AQUI FORA”? Não, nunca viu? Nem eu. Mas tem gente que age como se essa plaquinha estivesse sempre lá.
Muitos nutrem a estranha convicção de que Jesus fica ofendidíssimo se a pessoa se põe a questionar sobre determinados elementos da religião. E se obrigam a crer sem pestanejar em qualquer ritual, narrativa ou objeto envolto em uma aura (ainda que duvidosa) de religiosidade. Eles não se dão conta de que o questionamento que nasce da busca sincera da verdade é bem diferente da dúvida irracional, orgulhosa e emperdernida.
Querem ver um exemplo na Bíblia? O primeiro capítulo do Evangelho de João conta que Filipe garantiu pra Natanael que tinha encontrado o Messias, e seu nome era Jesus de Nazaré. Natanael torceu o nariz e deu uma zoada:
- De Nazaré pode sair coisa boa?
Filipe então convidou o amigo a ver com seus próprios olhos. Bem, Natanael topou. Quando Jesus o viu, disse:
- Eis um israelita verdadeiro, sem falsidade.
Em vez de sentir-se lisongeado, Natanael mandou na lata: “Tu me conhece de onde, rapá?”. Um raio cruzou o céu e partiu o insolente ao meio? Que nada… Jesus respondeu, com doçura e naturalidade:
- Antes que Filipe te chamasse, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira.
Para Natanael, tudo então ficou claro: o Nazareno não era ThunderCat, mas tinha “visão além do alcance”; pra completar, ainda podia ler o que se passava na mente das pessoas. E foi então que ele professou a sua fé.
Viram? Jesus não se aborreceu com aquele homem por sua descrença inicial. Ele condenava sim, a falta de fé daqueles que, já tendo recebido mil sinais e razões para crer, ainda titubeavam ou duvidavam. Por isso, muitas vezes repreendeu seus próprios Apóstolos (Tomé não foi o único a levar puxão de orelha), e mais ainda os fariseus e incrédulos de mente tapada e coração endurecido.
A fé sólida nasce do discernimento, da reflexão sobre o sentido das coisas. É uma decisão lúcida, não um passo cego. Sim, a aventura de crer, assim como os esportes radicais, envolve assumir riscos (já falamos disso aqui), mas são riscos calculados, e não saltos no escuro.
Se saltamos no abismo, não é porque sejamos loucos imaginando que vamos flutuar; mas sim porque checamos mil vezes o nosso equipamento e nos certificamos do histórico e da confiabilidade dos nossos treinadores. Além disso, antes, fomos animados pelo testemunho de muita gente que saltou e se deu bem. Em suma: se somos católicos e cremos no que cremos, é porque temos boas razões para isso.
mente_abertaQuando falamos de RAZÃO, falamos da abertura da mente ao real, levando em conta todos os seus fatores. Não estamos falando, de modo nenhum, em acreditar somente no que é cientificamente comprovado (isso também é ser mentalmente estreito), mas em estar a atentos a toda a riqueza de sinais e evidências que a realidade oferece.
Crença religiosa despida de razão não é fé, é credulidade. O crédulo, no fundo, tem receio de que o que ele crê não seja verdade, e assim reprime seus questionamentos e toma uma postura hostil à reflexão, por medo de que seu mundinho desmorone.
Mas quem joga tudo de si no relacionamento com Jesus, nada teme. A Fé e a Razão nos conduzem à verdade, à certeza de que Ele é, de que Ele vive, de que Ele é tudo em todas as coisas. Isso é liberdade!
Fonte: http://ocatequista.com.br/?p=8640

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