O Evangelho de hoje, dentre tantas coisas, nos traz o caminho de santidade que passa pelo seguimento a Cristo, pois esse é, na realidade, um caminho na liberdade e na verdade.
De fato, Jesus diz: “Se permanecerdes fiéis à minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos; conhecereis a verdade e a verdade libertar-vos-á” (João 8,31-32).
Propor a santidade de vida nada mais é do que oferecer o caminho da verdade e da liberdade. À luz da fé, ser santo é viver a verdade total, não limitada às realidades materiais ou apenas à vida terrena. Com efeito, o santo tem em consideração tanto os bens materiais como os espirituais; ele considera tanto a realidade terrena como a sobrenatural, contempla a própria vida não apenas na perspectiva temporal, mas também eterna. Por outras palavras, o santo vive na verdade, considerando todos os aspectos da própria existência.
O aspecto mais importante é que quem deseja a santidade se abre para Deus, o bem supremo e fonte verdadeira. Jesus disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Depois da Sua Morte e Ressurreição, o Senhor prometeu que nos enviaria o Espírito Santo como “o Espírito da Verdade” (Jo 16,13), que nos “guiaria à verdade total” (Jo 16,13).
Diante de Pilatos, Jesus disse: “Foi por isso que nasci e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da verdade” (Jo 18,37). Seguindo radicalmente a Cristo, caminhamos na verdade total.
A santidade de vida e a abertura à graça nos ajudam, na realidade, a compreender mais profundamente as verdades de Deus. São Paulo escreve: “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus; para ele são loucura, e não é capaz de as compreender” (1Cor 2,14). Ou ainda: “Todo aquele que peca não viu Deus nem o conheceu” (1Jo 3,6).
Não alcançamos a contemplação plena do rosto do Senhor unicamente com as nossas forças, mas deixando-nos guiar pela Sua graça. Só a experiência do silêncio e da oração oferecem o horizonte adequado, nos quais pode maturar e desenvolver-se o conhecimento mais verdadeiro, aderente e coerente ao mistério de Deus. Por este motivo, com frequência nos surpreende a compreensão perspicaz da verdade de Deus que os santos demonstram, mesmo os que não fizeram muitos estudos.
No Evangelho, Jesus fala da liberdade verdadeira, espiritual. Na realidade, o olhar sobre todos os aspectos da nossa existência, ajuda-nos a encontrar uma justa escala de valores. Auxilia-nos, por conseguinte, a não nos tornarmos ou a permanecermos escravos dos bens materiais e das nossas concupiscências, dos vícios, do pecado, mas nos estimula e nos torna capazes de desejar os valores mais importantes, indestrutíveis, perenes.
Jesus, no Evangelho de hoje, responde aos judeus de maneira clara: “Em verdade, em verdade vos digo: aquele que cometer pecado é escravo do pecado”. Vem à nossa mente tantos jovens que hoje são escravos da droga, do sexo, do prazer, do dinheiro, do orgulho, da preguiça, da inveja, etc. Não são livres para desejar valores maiores.
Contudo, quem de nós não experimentou – e não experimenta em maior ou menor medida – a escravidão de vários vícios e debilidades? Santo Agostinho, que depois de uma vida tão libertina teve que se esforçar bastante para encontrar esta liberdade espiritual, isto é, para partir as correntes dos seus maus hábitos e da paixão carnal, depois escreveu com convicção: “Ouso dizer que na medida em que servimos a Deus somos livres, enquanto que na medida em que servimos a lei do pecado somos escravos”.
Santo Agostinho também tinha a consciência de que a liberdade espiritual não se alcança plenamente com as próprias forças, mas unicamente através da graça, da ajuda do Senhor. Contudo, Jesus afirma isto de maneira clara no Evangelho que ouvimos: “Por conseguinte, se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres”.
O caminho da santidade é um caminho para a liberdade espiritual, que pode manifestar-se “até em condições de constrição exterior” como nos ensina o papa João Paulo II, na Carta Encíclica “Redemptor Hominis”, 12.
A condição da sua autenticidade é “a exigência de uma relação honesta em relação à verdade [...] a toda a verdade acerca do homem e do mundo”, continua Sua Santidade. Assim, voltam à nossa mente as palavras de Jesus no Evangelho de hoje: “a verdade libertar-vos-á”.
Peçamos ao Senhor que nos ajude, a saber aceitarmos seriamente o convite à santidade nas nossas condições de vida cotidiana, que não é mais que um convite a caminhar na verdade total e na liberdade autêntica.
Padre Bantu Mendonça
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