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terça-feira, 27 de março de 2012

Por que Jesus é chamado de Cordeiro de Deus?

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Agnus Dei. Tela de Francisco de Zurbarán (1640)



Em todas as missas, pouco antes de os fiéis serem chamados à comunhão eucarística, ouvimos o sacerdote dizer: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Você sabe o que isso quer dizer? Para que compreendamos a fundo o sentido desta expressão, precisamos nos debruçar, primeiramente, sobre o Antigo Testamento.



O cordeiro imolado no A.T.
Antes que Deus chamasse Abraão para estabelecer com Ele uma Aliança, era muito comum que povos das mais diversas etnias sacrificassem animais, e até mesmo seres humanos, aos seus deuses. Eles acreditavam que todas as coisas ruins que aconteciam no mundo eram fruto da ira divina, que precisava ser aplacada (faltava-lhes o conhecimento sobre o pecado original). Assim, seria preciso realizar algum ato que pudesse agradar a(os) deus(es), como abrir mão de algo muito valioso para demonstrar devoção e apreço – neste caso, sacrificar cabeças de gado ou pessoas, que podiam ser inimigos ou até mesmo parentes.
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O Deus de Israel repudiou de forma veemente o sacrifício de seres humanos – exceto naquela vez em que deu uma trollada em Abraão, levando-o a crer que deveria sacrificar Isaac –, mas incorporou o sacrifício ritual de animais na cultura religiosa do povo escolhido.
Quando o Faraó, com o coração endurecido, recusou-se a deixar os escravos hebreus partirem, o Senhor lançou sobre o Egito uma última e terrível praga: a morte de todos os primogênitos. Seguindo a orientação de Moisés, antes da noite do extermínio, cada família israelita sacrificou um cordeiro ou cabrito, que deveria ser “macho, sem defeito, e de um ano” (Ex 12,5). O animal deveria ser comido, e os eu sangue deveria ser passado nos batentes das portas:
Eu sou Javé. O sangue nas casas será um sinal de que estais dentro delas: ao ver o sangue, Eu passarei adiante. E o flagelo destruidor não vos atingirá, quando Eu ferir o Egito. (Ex 12,12-13)
E assim se estabeleceu a celebração da Páscoa judaica. O sangue do cordeiro macho e sem defeito livraria o povo da morte do corpo, assim como o Sangue de Cristo – Deus e Homem sem defeito, sem mácula – livraria os cristãos da morte da alma, após a nova Páscoa. O cordeiro imolado do A.T. era uma imagem do Cordeiro Imolado do N.T.
Assim, ao renovar a Sua Aliança com o povo hebreu por meio de Moisés, o Deus de Israel estabeleceu que o perdão dos pecados se daria por meio do sacrifício de animais, inclusive de cordeiros. Os pecados da pessoa eram “transferidos” para o animal por meio da imposição de mãos, e este deveria morrer em seu lugar – da mesma forma como, depois, o peso dos pecados humanos recairia sobre Cristo, que aceitou morrer por nós.
Em Levítico 4, está detalhado como o “rito pelo pecado” era feito: conforme a “classe” a que o pecador pertencesse, deveria apresentar no templo um determinado tipo de animal para ser imolado. Se o pecador fosse sacerdote, deveria sacrificar um bezerro; se fosse um chefe do povo, levaria um bode (taí a origem da expressão “bode expiatório”); se fosse homem comum, apresentaria uma cabra ou ovelha. Entretanto, a oferta de uma cabeça de gado para o sacrifício expiatório representava um prejuízo patrimonial considerável; por isso, caso o pecador fosse pobre, poderia oferecer duas rolas ou dois pombinhos.
Após o animal ser morto pelo sacerdote, seu sangue era derramado nos cantos do altar e em sua base. Depois, o corpo do animal era queimado e suas cinzas eram jogadas fora do acampamento, como forma de simbolizar que o pecado fora levado para bem longe da comunidade.
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Em Levítico 5, o cordeiro é citado como um animal sacrificial:
Se alguém, sem se dar conta, praticar alguma coisa proibida pelos mandamentos de Javé, será responsável e carregará o peso da sua falta.
Como sacrifício de reparação, levará ao sacerdote um cordeiro sem defeito, avaliado em proporção com a culpa. O sacerdote fará o rito pelo pecado cometido sem saber, e o pecador ficará perdoado. (Lev 5, 18-19)
Mas como o sangue de animais podia ser capaz lavar os pecados dos homens? Não podia. Este rito prescrito pela Lei de Moisés era apenas de caráter educativo, simbólico e provisório. Por meio dele, o Senhor levava o povo a compreender que o pecado sempre traz más consequências – sendo a morte a pior delas. Na sua Carta aos Hebreus, São Paulo deixa bem claro a ineficácia dos sacrifícios de animais para a justificação dos pecados :
A Lei possui apenas uma sombra dos bens futuros, e não a realidade concreta das coisas. Por isso, mesmo oferecendo sacrifícios continuamente, ano após ano, a Lei não tem poder de conduzir à perfeição aqueles que participam nesses sacrifícios. (…)
…uma vez que é impossível eliminar os pecados com o sangue de touros e carneiros. (Heb 10,1;4)
O sacrifício do cordeiro prescrito pela Lei de Moisés era, portanto, apenas um rascunho, um símbolo do sacrifício que Jesus aceitaria realizar na cruz – este sim, eficaz, perfeito e definitivo.
O Cordeiro Imolado no N.T.
Certo dia, estando o João a batizar o povo e a pregar, viu Jesus se aproximando. Então, olhou para Ele e disse:
“Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo.” (…)
E João testemunhou: “Eu vi o Espírito descer do céu, como uma pomba, e pousar sobre Ele. (…) E eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus”. (João 1,29; 32; 34)
Com Sua Paixão e Morte, Jesus Cristo remiu os pecados da humanidade com o Seu sangue precioso. Ele é a vítima perfeita, que, com seu sacrifício, apagou definitivamente da alma dos batizados a mancha do pecado original, ofensa imensa a qual nenhuma criatura tinha poder de desagravar.
Assim, foi revogado o sacrifício da Antiga Aliança, que dependia da morte de animais para a expiação dos pecados, e foi estabelecido o sacrifício da Nova Aliança, por meio da morte de Cristo.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, dai-nos a graça de honrar com nossas vidas cada gota de Seu sangue precioso!
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