Neste texto do Evangelho de hoje, temos o diálogo de Jesus com Nicodemos. Este diálogo com Nicodemos é um convite à conversão. Coloca em confronto duas opções de vida: a daquele que crê e a daquele que não crê. Neste Evangelho confronta-se o agir de quem pratica o mal e ama as trevas e de quem pratica a verdade e se aproxima da luz.
Jesus rejeitava, muitas vezes, aqueles que tentavam segui-Lo. A um jovem rico que buscava o Seu conselho, Ele replicou com palavras tão fortes que o homem foi embora entristecido, não disposto a seguir Jesus a tão alto preço. A um importante líder religioso, Nicodemos, que tinha vindo louvando Jesus, o Senhor respondeu abruptamente:“Você tem que nascer de novo, se quiser ao menos ver o reino de Deus!”
Jesus revelava francamente as dificuldades em segui-Lo e rejeitava todos os que tentavam fazê-lo de forma inadequada. Jesus pregou sobre o tema: “Não pode ser meu discípulo”, discutindo abertamente a necessidade de calcular o custo antes de embarcar no discipulado.
Não era porque Jesus não quisesse seguidores. Ele veio ao mundo para buscar e salvar os perdidos. Ele estava profundamente comovido pelas multidões perdidas e ansiava pela sua conversão. Mas Jesus sabia que não seria fácil para os homens segui-Lo e que eles estariam inclinados a enganarem-se a si mesmos, pensando que eram discípulos, quando não eram. O Senhor nunca deixou de declarar francamente o que a conversão real exige.
A troca de palavras entre Jesus e Nicodemos, neste Evangelho de hoje, é fascinante. Nicodemos era um chefe religioso. Ele veio a Jesus, louvando Seus ensinamentos e milagres. É difícil saber o que se passava na mente de Nicodemos, enquanto falava. Talvez estivesse esperando louvor, uma posição na administração de Jesus ou um voto de confiança pela obra que ele mesmo estava fazendo, como mestre em Israel. Mas a resposta surpreendente de Jesus foi: “Nicodemos, você precisa começar tudo de novo, se quiser entrar no reino de Deus”.
Seja o que for que Nicodemos estivesse esperando, não era isto! A resposta de Jesus significava que toda a religião de Nicodemos, toda a sua atividade no ensino, toda a sua posição no Judaísmo, eram sem valor em relação ao domínio de Deus. Nós também precisamos ver que toda a nossa religião e nossa própria grandeza nada valem. As realizações do passado nada representam. Precisamos recomeçar tudo novamente para sermos capazes de entrar num relacionamento com Deus.
Mas para isso basta olhar para o que Jesus ensinou! Para Ele é loucura começar um projeto sem entender primeiro o que será exigido para terminá-lo. Ele ilustrou com a ideia de um homem que começou a construir uma torre, mas loucamente esqueceu de fazer um orçamento para determinar se teria fundos para completá-la, e assim teve que parar no meio do projeto. A verdadeira conversão necessita de um cuidadoso exame do estilo de vida que Deus espera do convertido.
O arrependimento, que é essencial à verdadeira conversão, envolve morte ao pecado. A Bíblia o compara à morte e ressurreição de Cristo. Tem que haver uma mudança de estilo de vida radical. A Bíblia usa termos como matar o velho homem e revestir-se com o novo, e descreve com minúcias as mudanças exatas que precisam ser feitas. Maus hábitos — embriaguez, imoralidade sexual, ira, ganância, orgulho, etc — precisam ser eliminados da própria vida, ao passo que devem ser acrescentados o amor, a verdade, a pureza, o perdão e a humildade. Este é o resultado do arrependimento.
Muitas pessoas tentam ser convertidas e converter outras, sem arrependimento. Elas ensinam um Cristianismo “indolor”, que não exige sacrifício. Elas salientam as emoções, a felicidade e as bênçãos, porém, pensam pouco sobre as mudanças reais que a conversão exige na vida diária da pessoa. Entendamos isto claramente: não há conversão sem que haja também uma transformação. Aquele que creu e foi batizado, aquele que até mesmo participa fielmente das atividades religiosas dentro da comunidade cristã, mas que não se arrependeu, não é salvo. O arrependimento é um compromisso sério, determinado, para mudar sua própria vida.
Para tomar parte realmente na Ceia do Senhor, a pessoa precisa “nascer de novo” no poder da água e do Espírito Santo. Ela precisa executar o ato certo pelo motivo certo. A pessoa precisa ser um discípulo fiel.
Padre Bantu Mendonça
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