Em todos os Evangelhos, João é o único que nos apresenta Jesus diretamente como a “Porta das ovelhas”. O Senhor indica, claramente, que Ele é a única porta por onde deve entrar todos os pastores de Israel. Ou seja, os reis ou dirigentes messiânicos de Israel devem se ajustar ao único e verdadeiro pastor que é Jesus. Quem não entrar como os apóstolos, pela Sua porta, não pode ser verdadeiro pastor. Por isso, na continuação, Jesus explica Seu papel de supremo e verdadeiro Pastor.
A afirmação de Jesus, segundo a qual Ele é a porta do aprisco, é de tal modo absoluta, que nos obriga a mantê-la como uma verdade de fé. Todo aquele que não se compromete com Jesus e seus ensinamentos, não pode ser verdadeiro pastor das ovelhas que constituem os súditos do Reino.
Essa Porta é única, de modo que qualquer outra porta que nos seja apresentada será o mesmo que entrar no aprisco “por cima da cerca”. E isso é roubalheira, é vandalismo, prática própria dos ladrões que servem melhor a seus interesses do que ao bem das ovelhas a eles encomendadas.
Quem são os tais? Evidentemente, aqueles que buscam o dinheiro como proveito de seus serviços ou a fama para serem louvados como tais líderes. Quando Jesus coloca Seu serviço como “dar a vida”, é para isso: Ele escolheu a morte para que elas tenham vida (cf. Jo 10,15). Jesus ainda dirá como os chefes da Terra subjugam e dominam, mas aquele que quiser ser grande entre seus discípulos deve servir a todos como Ele mesmo fez (cf. Mt 20,25-28).
Não podemos esquecer que os primeiros pastores são os próprios pais. Neste mundo, em que o bem-estar e o prazer substituem o amor e o serviço, é bom recordar as palavras de Jesus sobre como apascentar as ovelhas que, no caso, são os próprios filhos.
“Em verdade, vos declaro: Eu sou a porta das ovelhas”. Jesus acaba de abrir a porta que nos tinha mostrado fechada. Ele mesmo é essa porta. Reconheçamo-lo, entremos e alegremo-nos por ter entrado.
“Os que vieram antes são ladrões e salteadores”. É preciso compreender: “Os que vieramfora de mim”. Os profetas vieram antes d’Ele. Eram, por acaso, ladrões e salteadores? De forma nenhuma, porque não vieram fora de Cristo. Estavam com Ele. Ele os tinha enviado como seus mensageiros.
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, diz Jesus (Jo 14,6). Se Ele é a verdade, os que estavam na verdade estavam com Ele. Os que vieram fora d’Ele, pelo contrário, são ladrões e salteadores porque só vieram para pilhar e fazer morrer. “A esses, as ovelhas não escutaram”, diz Jesus.
Mas os justos acreditaram que Ele viria tal como nós acreditamos que Ele já veio. Os tempos mudaram. A fé é a mesma. Uma mesma fé reúne os que acreditavam que Ele devia vir e os que acreditam que Ele já veio. Vemos entrar todos, em épocas diferentes, pela única porta da fé, quer dizer, Cristo.
Sim, todos os que acreditaram no passado, no tempo de Abraão, de Isaac, de Jacó, de Moisés ou dos outros patriarcas e profetas que anunciavam Cristo. Todos esses eram já suas ovelhas. Neles se ouviu o próprio Cristo, não como uma voz estranha, mas com a Sua própria voz.
Portanto, quem entrar por Jesus encontrará pastagem, isto é, alimento para a vida. E vida em abundância. A vida eterna.
Pai, torna-me um discípulo dócil de Jesus, o verdadeiro Pastor que arriscou a própria vida para me salvar. Somente Ele poderá conduzir-me para Ti e contigo viver eternamente.
Padre Bantu Mendonça