O trecho do Evangelho, que hoje nos propomos a meditar, começa por nos convidar a um movimento tipicamente cristão: “partir para!” Assim começa a perícope: «Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia» (Lc 1, 39).
Por que podemos reclamar esta dinâmica caritativa ao Cristianismo? Basta recordarmos as palavras do discípulo amado à comunidade cristã: «Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho como oferenda de expiação pelos nossos pecados» (1Jo 4,10).
A Virgem Santíssima foi a criatura que melhor entendeu a dinâmica da caridade, por isso, também na proximidade da Solenidade do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, precisamos contemplar esta mulher cheia do Espírito Santo que em seu ser diz muito ao ser da Igreja, a ponto do Papa Bento XVI afirmar em uma de suas enriquecedoras entrevistas: «Em Maria concretiza-se o que é a Igreja. E o significado teológico de Maria representa-se na Igreja. Formam as duas como um sistema de vasos comunicantes: Maria é a Igreja em pessoa; e a Igreja é, na sua totalidade, aquilo que Maria na sua pessoa, antecipou» (JOSEPH RATZINGER, Deus e o Mundo, 300).
Voltando ao texto bíblico, encontramos este “espelho” da Igreja movida pela caridade-serviço, saudando Isabel e sendo instrumento eficaz para que a promessa de Deus a João Batista se cumprisse, aquela que o seu pai ouviu do Anjo Gabriel meses antes do encontro das santas mães: «…e, desde o ventre da mãe, ficará cheio do Espírito Santo» (Lc 1, 15). Assim, continua a ser a presença intercessora de Nossa Senhora, Esposa do Divino Espírito Santo, um canal de graças para que a vontade de Deus se realize na vida da Igreja e do Mundo.
Mas de onde vem esta docilidade de Nossa Senhora das Graças? Sem dúvida de sua experiência de Deus, a qual transbordava por onde passava, a ponto do mesmo Espírito confirmá-la pelos lábios de Santa Isabel: «Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido» (Lc 1, 45).
Por isso tudo, dentro do Ano da Fé – e neste tempo do Advento – recorramos ao testemunho e à intercessão de Nossa Senhora da Luz, pois ela sempre comunica a Luz do mundo, como Bendita que acreditou, esperou e amou sempre (cf. Lc 1, 42).
Sobre a urgência desta qualidade, o Papa Bento XVI tem procurado comunicar a todos: «Na descoberta diária do seu amor, ganha força o vigor e o compromisso missionário dos crentes, que jamais pode faltar. Com efeito, a fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria. A fé torna-nos fecundos, porque alarga o coração com a esperança e permite oferecer um testemunho que é capaz de gerar. De fato, abre o coração e a mente dos ouvintes para acolher o convite do Senhor a aderir à sua Palavra, a fim de se tornarem seus discípulos» (BENTO XVI, Porta Fidei, n. 10).
Por fim, com a Virgem Santíssima e todos os demais testemunhos apresentados pela Sagrada Liturgia, abramos os nossos corações para o Dom e a Missão que brota do Mistério da Encarnação, feito frágil e Divino Menino. Aí mora o santo e feliz Natal! Você e cada um de nós merece, pois Ele mereceu para nós.
Padre Fernando Santamaria – Comunidade Canção Nova
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