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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O Diabo hoje – Parte 2


Como um cão preso por uma corrente
Nunca sem Luz verde

É significativo que Deus estabeleça cuidadosamente os limites dos poderes que concede a Satanás. Não lhe dá uma luz verde incondicional. Assim como o Criador põe limites ao fluxo do mar enfurecido – Não irás mais longe, aqui se quebrará o orgulho das tuas ondas (Jó 38, 11), do mesmo modo impõe limites ao ódio e à inveja de Satanás.

O Evangelho de São Mateus revela-nos que os demônios têm necessidade de luz verde mesmo para uma operação sem maiores conseqüências, ainda que insólita, como entrar num rebanho de porcos que pastam na terra dos gerasenos. Havia a uma certa distância um grande rebanho de porcos que pastava. E os demônios suplicaram a Jesus: Se nos expulsas, envia-nos a esse rebanho de porcos. Ide, disse-lhes Jesus. Saíram então e foram para os porcos, e eis que, do alto da escarpa, todo o rebanho se precipitou no mar, onde se afogou (Mt 8, 30-32).

O relato da Paixão apresenta-nos um exemplo dramático dos limites impostos por Deus ao poder do diabo sobre os Apóstolos. Satanás tinha pedido a Deus que o deixasse pôr à prova os Apóstolos, sacudindo-os como o agricultor sacode o trigo. O Senhor só aceita esse pedido em parte. Com explica Garrigou-Lagrange, o Senhor permitiu a Satanás que joeirasse os Apóstolos como se joeira o trigo, mas pôs um limite. Quem Satanás desejava sobretudo fazer cair era Pedro, o chefe dos Apóstolos. Jesus conhecia o perigo que ameaçava Pedro. Não quis preservá-lo completamente, mas com a sua oração protegeu-lhe a fé: a do Apóstolo, portanto, não desfalecerá, e, quando se recuperar da sua conduta errônea, caber-lhe-á confirmar os seus irmãos. Garrigou-Lagrange cita a profunda observação de um exegeta protestante: Preservando Pedro, cuja ruína teria arrastado os demais Apóstolos, Jesus preservou-os a todos. É assim que Deus, Senhor da História, sabe utilizar a malícia de Satanás para a construção da Igreja.

São Tomás de Aquino insiste muito neste ponto: o diabo não pode tentar os homens tanto quanto deseja; só pode atormentá-los na medida em que Deus o permite. Nem mais, nem menos!

O relato da Paixão apresenta outro exemplo da submissão do demônio às disposições da Providência. Depois de ter dito que, na última Ceia, Satanás tinha entrado em Judas, São João cita estas palavras de Jesus ao traidor: O que tens a fazer, faze-o depressa! (Jo 13, 27). Podese expressar mais explicitamente o controle de Deus sobre as maquinações de Satanás presente em Judas? É verdade, como explicam os exegetas, que as palavras de Jesus não equivaleram a uma ordem. Também não eram um estímulo à traição. Expressavam simplesmente, numa linguagem rigorosa, uma autorização).
Pode ladrar, mas não morder

São Paulo assegura-nos: “Deus não permitirá que sejais tentados além do vosso poder de resistência, mas, junto com a tentação, dar-vos-á os meios para suportá-la e a força para vencê-la” (1 Cor 10, 13).

Existem dois movimentos na raiz das tentações do diabo: o amor de Deus pelos homens e a odienta inveja de Satanás. Deus permite a tentação por amor, para dar à criatura humana a oportunidade de elevarse até Ele por atos de virtude; o demônio desencadeia a tentação por ódio, para fazer cair o homem. Deus oferece ao homem uma ocasião de subir e Satanás utiliza essa mesma ocasião para fazê-lo cair. Assim, por uma misteriosa ordem de Deus, sem o saber, sem o querer, contra a sua vontade e contra as inclinações de todo o seu ser, Satanás contribui indireta, mas realmente, para a expansão do reino de Deus sobre a terra. Não é esta, aliás, a razão da sua presença entre os homens até o Juízo final, antes de ser precipitado nas profundezas do inferno?…

A um sacerdote da Missão, a quem Satanás tinha razões para odiar, São Vicente de Paulo escrevia: O diabo pode ladrar, mas não pode morder; pode atemorizar-vos, mas não vos pode fazer mal. Isto eu vo-lo garanto diante de Deus, na presença de quem vos falo.

Também Santa Teresa de Lisieux se servia dessa imagem para mostrar os limites do poder de Satanás: comparava o demônio a um grande cão malvado que nada pode contra uma criancinha subida aos ombros de seu pai.

A este respeito, pode ser útil recordar mais uma vez as seguintes verdades:

A primeira é que o poder do demônio, embora grande, não é absoluto: nunca, nem sequer nos casos de possessão, … ele tem acesso direto às potências propriamente espirituais do ser humano, isto é, à inteligência e à vontade. Ou seja, não pode nunca, em nenhuma hipótese, obrigar-nos a pecar. Só há pecado quando há consentimento da vontade, isto é, quando o eu decide ceder à tentação. Nada, nem a duração nem a intensidade de uma tentação, pode Causar diretamente – nem, por outro lado, ´autorizar ou desculpar – o consentimento.

A segunda é que é essencial saber que sentir não é consentir. As imagens podem ser muito fortes ou vívidas, e as emoções encontraremse num estado de tumulto intenso, mas não há pecado enquanto a vontade não disser “sim“. E isso sempre se sabe no recôndito da consciência.


O Exorcismo

O missivista, no caso, refere ter ouvido dizer que a Igreja aboliu os exorcismos ou as preces feitas para expulsar o Maligno detentor das faculdades de um ser humano. – Em resposta nada de melhor se pode fazer do que citar o atual Código de Direito Canônico, que, supondo a possibilidade de haver possessão diabólica, regulamenta a prática do exorcismo:

1. Ninguém pode legitimamente fazer exorcismos em possessos a não ser que tenha obtido licença especial e expressa do Ordinário local.

2. Essa licença seja concedida pelo Ordinário local somente a sacerdote que se distinga pela piedade, ciência, prudência e integridade de vida.

Por conseguinte, a Igreja crê na eventualidade da possessão diabólica. Apenas deseja que se examine atentamente cada caso de pretensa possessão para não se confundir doença psíquica ou física com a ação do Maligno. Uma vez diagnosticada, com séria probabilidade, a possessão por sacerdotes e médicos, recorra-se ao Bispo local ou ao Prelado respectivo para lhe pedir que delegue um sacerdote exorcista.

Reze a oração de libertação.

Fonte: Revista “Pergunte e Responderemos” fev/2000

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