Este Evangelho traz hoje uma realidade de nossa fé, que é escatológica. Esca… O quê? “Escatológica” significa a realidade dos fins dos tempos, da segunda vinda de Jesus, do julgamento final, da vida depois da morte e da ressurreição da carne.
A Escatologia pode ser definida como um termo moderno que indica a parte da teologia que considera as fases ‘finais’ ou ‘extremas’ da vida humana ou do mundo: morte, juízo universal, pena ou castigo extraterrenos e fim do mundo. Os filósofos usam às vezes esse termo para indicar a consideração dos estágios finais do mundo ou do gênero humano (ABBAGNANO, Nicola, Dicionário de Filosofia, 1999).
Interpretando dois fatos de crônicas, Jesus desenvolve outra das exigências da vida cristã na espera escatológica: fazer penitência e emendar-se do mal feito, ou seja, um apelo à conversão. Lucas é o evangelista que enfatiza o amor e a misericórdia de Deus. Jesus aparece várias vezes exercendo o amor e a misericórdia neste Evangelho.
Nestes dois fatos Jesus lê os sinais dos tempos: a morte pode chegar de improviso, assim também como a segunda vinda de Jesus – disso Ele mesmo falou algumas vezes.
Esta “tensão” espiritual ocorre de maneira muito positiva. Podemos comparar com a tensão necessária e indispensável que precisa ter a corda de um violão, para que nenhuma nota comprometa toda a música ou peça que precisa ser tocada. Essa é a tensão espiritual que precisamos viver em nossa vida, sempre esperando o Senhor que vai chegar… Ou eu que posso ir ao encontro do Senhor! Entendeu?
De igual modo, o chamado e o juízo de Deus podem dar-se quando menos esperarmos. Daí a lição clara: converter-se e fazer penitencia para não ser surpreendido por acontecimentos decisivos.
Também a parábola da figueira estéril é um convite preciso a não viver uma existência vazia, porém, frutificar e enriquecer-se para o dia chamado “do Senhor”. A paciência de Deus, que sabe esperar que o homem se converta e frutifique, impele-nos a dar valor ao dom da vida.
A realidade da morte – sempre possível – não é um “espantalho”, mas o mais instante e seguro sinal dos tempos que cada homem deve saber interpretar. Pensando na morte e nos preparando para ela (pois acreditamos na vida eterna) encontramos forças para resistir ao mal e praticar o bem.
E Jesus contou esta parábola: “Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi até ela procurar figos e não encontrou. Então disse ao vinhateiro: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra? ’ Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás’” (cf. Lc 13,6-9).
Eu e você somos esta figueira que Deus tem plantado em meio a Sua grande vinha. Já pensou porque numa plantação de vinha alguém teria uma única figueira? Será que esta figueira seria particular, dele, para que ele desfrutasse dos figos desta figueira? Ou seja: os cristãos devem, como escolhidos por Deus, ser santos, diferentes e exemplos no mundo, que é a grande plantação de vinha.
Nós somos a “figueira” que o Senhor escolheu para dar frutos a Ele. Lembre-se desta Palavra: “Eu não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno. Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo. Consagra-os pela verdade: a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei ao mundo” (cf. Jo 17,15-18).
Nesta semana, a Liturgia da Palavra nos chamou à vigilância. Hoje, completa chamando-nos à conversão.
Padre Luizinho – Comunidade Canção Nova
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