Este Evangelho – como o de sexta-feira – pertence a um conjunto de ditos de Cristo. Consta de duas partes: os primeiros versículos mostram a fidelidade com a qual Cristo dará prova para aqueles que lhe forem fiéis: “Todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus. Mas aquele que me renegar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus. Todo aquele que disser alguma coisa contra o Filho do Homem será perdoado. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado” (cf. Lc 12,8-10).
Os últimos versículos insistem, junto a nós, cristãos, para que não se deixem abalar pelo medo de testemunhar, de anunciar ao sermos perseguidos: “Quando vos conduzirem diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não fiqueis preocupados como ou com que vos defendereis, ou com o que direis. Pois, nessa hora, o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer” (cf. Lc 12,11-12).
Lembremos que Jesus também prometeu: “No mundo tereis aflições, mas coragem eu venci o mundo” e também “Estarei convosco todos os dias até os fins dos tempos”. Acredito que a forma mais potente de evangelizar hoje, nestes nossos tempos “quase” piores que os tempos de Jesus, seja o testemunho, falar com a vida, ou seja, confessar com o coração e a boca mas convencer com a prática: “Quero ver na vida!”. É o que o nosso mundo precisa.
Ao iniciarmos o Ano da fé, o Papa Bento XVI no final da carta Porta Fidei nos chama a atenção para uma dimensão importantíssima da fé: o testemunho. Já no termo da sua vida, o apóstolo Paulo pede ao discípulo Timóteo que «procure a fé» (cf. 2 Tm 2,22) com a mesma constância de quando era novo (cf. 2 Tm 3,15).
Sintamos este convite dirigido a cada um de nós, para que ninguém se torne indolente na fé. Esta é companheira de vida, que permite perceber com um olhar sempre novo as maravilhas que Deus realiza por nós. Solícita a identificar os sinais dos tempos no hoje da história, a fé obriga cada um de nós a tornar-se sinal vivo da presença do Ressuscitado no mundo. Aquilo de que o mundo tem hoje particular necessidade é o testemunho credível de quantos, iluminados na mente e no coração pela Palavra do Senhor, são capazes de abrir o coração e a mente de muitos outros ao desejo de Deus e da vida verdadeira, aquela que não tem fim (cf. Porta Fidei n° 15).
Só uma “Igreja que confessa” é sinal de salvação. Uma Igreja, uma comunidade cheia de reservas e medos, fácil ao compromisso com outras realidades, incapaz de tomar posição diante das realidades, de deixar-se insultar e perseguir por suas posições, não é fiel a seu Senhor. Como poderá Ele “reconhecê-la”?
“A Igreja prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus” (14), avança peregrina anunciando a cruz e a morte do Senhor “até que Ele venha” (cf. 1 Cor 11,26). Mas é robustecida pela força do Senhor ressuscitado, de modo a vencer – pela paciência e pela caridade – as suas aflições e dificuldades tanto internas como externas, para poder revelar, com fidelidade ao mundo o mistério do Senhor, até que por fim se manifeste em plena luz” (Lumem Gentium 8).
Portanto, a nossa vida com Cristo em sua Igreja precisa impregnar todas as nossas realidades e a fé perpassar tudo que fazemos. A fé como dom de Deus recebido no Batismo. É necessário crescer no conhecimento e aprofundar, confessar com a boca e o coração, celebrar e anunciar testemunhando esta fé que alimenta a nossa esperança.
Quando você for encontrar o Senhor, Ele vai lhe reconhecer? Como você tem vivido a sua fé?
Padre Luizinho – Comunidade Canção Nova
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