A população de Santana do Cariri, a 550 quilômetros de Fortaleza, vive um momento de expectativa. No dia 1º de janeiro, foi realizado, na Igreja Matriz da cidade, um encontro de oração por Benigna Cardoso da Silva, considerada santa pelos moradores da região. Os fiéis vão pedir à padroeira da cidade, Senhora Santana, que interceda junto a Deus em favor da beatificação de Benigna. Também haverá testemunhos de graças alcançadas com a intercessão da mártir, assassinada aos 13 anos para escapar de uma investida sexual.
O processo de beatificação de Benigna, já iniciado pela Diocese do Crato, deve ser enviado ao Vaticano este mês, explica o coordenador de comunicação da Paróquia Senhora Santana, Ypsilon Félix. Para o padre Paulo Pereira Lemos, pároco da matriz de Senhora Santana, a beatificação deve expandir o culto à jovem, que serve de modelo para todos. “Benigna Cardoso preferiu morrer a pecar. Esse testemunho edifica nossa fé cristã que precisa de exemplos para iluminar esse mundo tão caótico”, afirma o padre.
A história de Benigna impressiona pela pureza e a devoção a Deus. Nascida em Santana do Cariri há 70 anos, a menina ficou órfã de pai e mãe muito cedo, sendo adotada com os irmãos mais velhos por uma família da região. Cheia de humildade e bastante prestativa, tornou-se modelo para a juventude da época. Extremamente religiosa, não perdia as missas. Aos 12 anos, começou a ser assediada por um rapaz chamado Raul Alves.
Foram muitas investidas e todas sem sucesso. Pouco depois de completar 13 anos, Raul aproveitou o momento em que a menina foi buscar água próximo de casa, para tentar violentá-la sexualmente. Como a adolescente se recusou a ceder, acabou brutalmente assassinada. O assassino foi preso e, 50 anos depois, voltou ao local do crime, arrependido, para pedir perdão à Benigna.
Para os fiéis, já é hora de a Igreja reconhecer a santidade da hoje chamada ‘Heroína da Castidade’. O professor Sandro Cidrão, de 49 anos, conta que, quando criança, foi curado do sarampo graças à promessa que a mãe dele fez à menina Benigna. Mas o apego a ela ultrapassa as barreiras do Ceará.
Devoção
O funcionário público Ari Gomes, que mora no Rio Grande do Norte, é um dos devotos mais fiéis de Benigna. Ele narra que, em 2002, foi diagnosticado com leucemia, mas que hoje está bem devido à devoção que nutre pela menina. “Todo ano vou lá, para participar da missa no dia 24 de outubro” (dia da morte de Benigna).
A fé de Ari é tanta que em 2005 ele teve a ideia de construir um santuário para Benigna. Hoje, um local muito especial para quem crê além do visível – usando o coração.
Fonte: O Povo
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