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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Homilia diária: A visão mais desejada deve ser a visão espiritual


Jesus se aproxima de Jericó, etapa final de sua subida a Jerusalém, distante cerca de vinte quilômetros. Há um cego sentado à beira do caminho, pedindo esmola. Sabendo que Jesus passa, grita por Ele, identificando-O como Aquele que lhe pode dar tudo o que precisava para curar a sua cegueira e grita:  “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!”
A cegueira quando acomete o indivíduo perfeito e o torna deficiente é muito amarga. A vida daquele homem havia mudado drasticamente pelo fato de a cegueira o haver acometido há algum tempo atrás. O homem era a personificação da infelicidade: não podia enxergar.
Lucas nos relata que ele passava suas horas, seus dias, sentado à beira do caminho que levava a Jericó. Por certo, uma passagem obrigatória de todos os viajantes que se dirigiam àquela cidade ou de lá saíam. Ele, o cego, conhecia cada caravana só pelo tropel de seus camelos, as risadas e os gritos de cada cavaleiro. E, sentado à beira do caminho, pedia esmola.
Na manhã dos acontecimentos narrados pela pena de Lucas, o caminho de Jericó parecia diferente. O pobre mendigo cego chegou cedo, como de costume. Afinal, não se podia perder a oportunidade de arrecadar o máximo possível da bondade dos transeuntes daquele lugar. Algo, entretanto, “cheirava diferente” para ele.
A fama de Jesus já havia corrido por todos os lados daquela região. Por onde quer que Ele fosse, uma multidão O acompanhava. Gente de todas as raças e lugares. O colorido era visto de longa distância. Assim era a fama de Jesus: gente de todos os lugares, de todas as cores e raças. Inclusive, as “raças de víboras” que João Batista falara tanto.
Um grande som, diferente, se ouvia dos lados de Jericó. O que representava aquele barulho diferente? O cego não podia identificar. E chegava cada vez mais perto, a ponto de agora, poder-se ouvir perfeitamente as vozes alegres de pessoas caminhando.
Aquele cego ouvia a tudo aquilo, mas não sabia do que se tratava. Aliás, o pecador, cego, sem Jesus, ouve muito bem, até mesmo a respeito de Jesus, mas não sabe quem Ele é.
Intrigado com algo tão inusitado, pois naquele caminho os sons que ele estava acostumado a ouvir eram diferentes, ele interpela alguém que se aproxima dele. A notícia da chegada de Jesus alvoroça o coração do homem! Ele agora toma consciência do fato. Sabe ser aquela a sua única e grande chance. Sim, porque não quer permanecer a vida toda na cegueira. Jesus, para ele, agora se tornou a grande esperança de felicidade.
Há dias ele ouvira falar que aquele homem tinha feito muitos milagres entre os samaritanos e até pensou que, se pudesse, iria ao encontro dele. Que felicidade! Jesus veio ao seu encontro. Mas não era bem assim… Jesus estava passando. Mas aquele momento era decisivo. Não poderia deixar passar a oportunidade. Então, ele toma a mais importante decisão de sua vida: clama por Jesus. Algumas pessoas o recriminam, impedem-no até. Mas, se houvesse cura para ele, aquela era sua única chance. Clama mais alto: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!”
Que fato interessante! Jesus que tudo sabe, não se importou com aquele cego. Ia passando. É claro que Jesus sabia da sua profunda necessidade. Estava apenas aguardando o momento certo. E, aos gritos, o cego insistia: “Tem piedade de mim!” Jesus ouviu. Desde o primeiro instante, Jesus ouviu. Como ouve a todos.
Ordenou que trouxessem o cego. E faz a pergunta: “Que queres que eu faça por ti?” Sua necessidade era física. Era a cura. Disse o cego: “Senhor, eu quero enxergar de novo”.
Para Jesus, a necessidade dele ia mais além: ele necessitava da cura espiritual. Igual a todo pecador que, sem Jesus, necessita da cura espiritual para enxergar a salvação.
Entretanto, Jesus notou naquele cego – além do profundo desejo de cura física – uma fé sem limites. Fé que o levou a clamar por compaixão, não se importando com todos os obstáculos que estivessem a sua frente. Essa tamanha fé leva Jesus a afirmar: “A tua fé te salvou”.
O resultado dessa fé foi imediatamente notada, pois, agora curado, aquele homem sai exultante dando glória a Deus. O povo que ia junto a Jesus, vendo isto, também glorificou a Deus. O pecado cega o homem. Deixa-o a margem da estrada, mendigando, implorando por migalhas da compaixão do mundo.
Coberto por esta capa imunda que Satanás lhe ata sobre os ombros, segue a passos largos rumo ao inferno. Mas Jesus, o Filho de Deus, pode dar luz, vida e salvação. A visão mais desejada deve ser a visão espiritual.
Seja você também como aquele cego e grite bem alto: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!” E Jesus, assim como curou e salvou a ele, respondendo também lhe dirá: “Vai em paz! Veja, a tua fé te salvou”.
Padre Bantu Mendonça


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