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domingo, 17 de junho de 2012

Pena temporal: devo, não nego. Pago quando puder


perdao_pecados
Boa parte das pessoas tem uma visão deturpada sobre o Sacramento da Confissão – especialmente aquelas que são avessas ao catolicismo. Muitos dizem por aí: “Quer dizer que o sujeito peca pra caramba, depois se confessa e é perdoado? Depois peca de novo, e de novo, se confessa outra vez e tá tudo certo? Assim é fácil… Vocês católicos são muito engraçados!”.
Sim, se uma pessoa peca mil vezes, ainda que seja o mesmo pecado, pode ser efetivamente perdoada por Deus por meio da Confissão. Porém, quem critica ou hostiliza a doutrina católica sobre o perdão dos pecados desconhece dois fatores importantíssimos:
  • Para que a confissão seja válida, é preciso que o pecador estejasinceramente arrependido e tenha a intenção de não pecar mais. Se, ao contrário, se confessar já planejando fazer a mesma coisa de novo, não obterá o perdão de Deus (como é o caso do anjo gaiato da tirinha aí em cima);
  • O pecado é perdoado na Confissão – ou seja, a amizade com Deus é refeita – e o pecador fica livre de ir para o Inferno. Entretanto, a “dívida” gerada pelas consequências do pecado não é anulada. Nesta vida ou na outra (no Purgatório) ele deverá pagar por todo o mal que fez.
E lá vêm os catolicrentes (mix de católico com crente) interpretando a Bíblia à moda do zaralho: “Como assim?! Tá escrito na Bibra que Deus esquece completamente os nossos pecados quando nos dá o seu perdão”.
…pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados. (Jer 31:34)
Ô meu filho, não basta pegar um versículo das Escrituras e interpretá-lo a seu bel-prazer, sem considerar todo o contexto dos textos sagrados, além, é claro, da doutrina da Igreja. Deus “se esquece” dos pecados dos quais nos arrependemos e confessamos no sentido de que retoma a sua amizade conosco com muito amor, sem reservas. Mas, como bom Pai, ele exige que sejamos responsáveis e que façamos tudo o que pudermos para consertar nossos erros ou compensar o mau que fizemos com ações voltadas para o bem. Isso se chama PENITÊNCIA.
Se os catolicrentes estudarem mais um pouquinho, verão que o versículo da Bíblia que diz que Deus não guarda lembrança alguma dos pecados perdoados vem depois de uma série de tragédias e grandes sofrimentos vividos pelo povo de Israel, que estava exilado na Babilônia justamente por causa de seus pecados. Ou seja, o Senhor prometeu esquecer todas as culpas da galera, mas não sem antes mandar chumbo grosso pra tomarem vergonha na cara.
E o mesmo Deus que promete esquecer as nossas culpas deixa claro que nós também precisamos fazer a nossa parte para mostrar que somos minimamente “dignos” (digo minimamente, porque nunca o seremos de fato) de Sua misericórdia:
Mas me atormentaste com teus pecados, cansaste-me com tuas iniqüidades.
Sempre sou eu quem deve apagar tuas faltas, e não mais me lembrar de teus pecados. Refresca tua memória e discutamos: apresenta tuas contas, para te justificar! (Isaias 43:24-26)
Viram? Quem quer rir, tem que fazer rir!
Tendo sido purificados de nossos pecados, continuamos a ter a obrigação de assumir as consequências das nossas cagadas; é preciso quitar as dívidas que temos com o Senhor e com nossos irmãos. Estas dívidas são as chamadas PENAS TEMPORAIS(ou seja, são penas passageiras, e não eternas, como a do Inferno), que podemos reduzir ou pagar completamente ainda nesta vida, de várias formas:
  • Cumprindo a penitência estabelecida pelo sacerdote após a nossa Confissão;
  • Aceitando os sofrimentos desta vida sem revoltas;
  • Perseverando na oração;
  • Praticando obras de caridade (“porque a caridade cobre a multidão dos pecados” (I Pedro 4:8));
  • Praticando gestos de mortificação (fazeremos um post sobre isso);
  • Recebendo indulgências.
Se, ao batermos as botas, tivermos morrido na amizade com Deus, mas tendo ainda algumas dívidas “não quitadas”, não poderemos ir direito para o Céu; será preciso passar uma temporada no Purgatório, até que nossa purificação esteja completa (Catecismo da Igreja Católica, itens 1030 e 1031).
Como diria a minha sábia vovó, rapadura é doce, mas não é mole não!

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